terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

KIKO LOUREIRA FALA SOBRE SUA EXPERIÊNCIA COM O CHORINHO!!

Coloque-se na fogueira!
Segue uma matéria postada no blog do Kiko Loureira, Guitarrista que dispensa apresentações, ele fala sobre os desafios do músico profissional em relação ao tempo e disposição p/ manter o mesmo ritmo nos estudos de aperfeiçoamento que tinha na época de sua adolescência, conciliando família, viagens a trabalho, descanso etc. Confira abaixo!!!!!
Início do Post
O aprimoramento musical é um desafio constante. Quando a música transforma-se em profissão, a rotina surge como o grande inimigo do maior dos predicados de um músico: a paixão pela arte. E não apenas isso, a rotina fere também a eterna busca do conhecimento, o desenvolvimento técnico, as pesquisas diárias, entre outras coisas.As horas de viagens, entrevistas, reuniões e dezenas de compromissos não relacionados diretamente ao instrumento – além das decisões que podem nos levar a um trabalho pelo cachê e não por ideologia ou gosto – nos distanciam da verdadeira essência da música e seu aprendizado.Para quem ainda não é profissional, esse marasmo intelectual também pode ocorrer. Praticar repetidamente os mesmos exercícios ou as mesmas músicas sem abrir os olhos para outros mundos musicais pode nos deixar em uma via de mão única, sem evolução.Não consigo ter a mesma energia e tempo para estudar música que eu tinha na adolescência, porque a vida muda e as obrigações e deveres nos agarram sem piedade. Aquelas tardes livres que tínhamos para tocar somem instantaneamente depois da maioridade. A solução para as pessoas que compartilham esse problema comigo é: coloquem-se na fogueira, ou seja, metam-se numa roubada. Crie situações em que você, a princípio, vá se dar mal ou não tenha experiência. São aqueles momentos em que você fala para si mesmo: “O que estou fazendo aqui? Por que não fiquei em casa?”Afinal de contas, como possuir experiência sem nunca ter “quebrado a cara”? Dar canjas, tocar de primeira com pessoas novas, subir ao palco para tocar algo inusitado, tocar e errar, errar e acertar, acertar e evoluir. Criar situações de desconforto para ficar cada vez mais preparado.Este preâmbulo todo é para ilustrar o que aconteceu comigo em dezembro passado. Conhecido por tocar rock e heavy metal, fui convidado para me apresentar em um festival de choro do qual participaram verdadeiros chorões da velha guarda, que mantêm acesa a chama de Jacob do Bandolim, Valdir Azevedo, Cartola, Pixinguinha, entre outros grandes compositores. O festival Choro Sem Parar, em São Carlos, interior de São Paulo, aconteceu em praça pública.Sempre enalteço a qualidade do choro aplicado à guitarra – Jacob do Bandolim foi um virtuose e suas músicas são de difícil adaptação ao nosso instrumento. Ser convidado para um festival do gênero foi uma grande surpresa para mim. Tocar um choro de vez em quando, em casa, para estudar um pouco, é bem diferente de realizar um show de uma hora entre músicos especialistas. Fogueira na certa!Claro que não recusei o convite e passei alguns dias apenas aprendendo e memorizando os temas de choro que iria apresentar. Foi um grande incentivo para me concentrar nos estudos e buscar novos estilos e linguagens. Cada um desses momentos ao longo da carreira representa uma experiência ímpar e solidifica nossas diferentes influências, e isso nos ajuda a criar um estilo próprio de tocar.Aproveito a deixa para incentivar o estudo do choro. Quer absorver cromatismo? Toque A Ginga do Mané. Quer arpejos? Desvairada. Quer resistência e diversas combinações de palhetadas? O Vôo da Mosca. E por aí vai... Além do desafio técnico, as composições são históricas, bonitas e geniais. Grande abraço! Fonte -> http://kikoloureiro.guitarplayer.com.br/