terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Solo e História? Maturidade musical? Identidade Musical? Educação musical? Quais ligações existem entre estas palavras?

Olá pessoal!

Hoje vou falar um pouquinho sobre maturidade musical, educação musical, identidade musical e construção de solos,  é um assunto muito amplo, mas vou simplificar. Vamos lá.

É comum as pessoas começarem a se interessar por instrumentos e falando mais especificamente pela guitarra justamente por verem grandes solistas executando grandes solos e nos passando muita emoção, isso penetra em nosso ser e nos faz apaixonarmos pela música, porém muitos desistem por terem dificuldades ou não terem nenhum talento para a arte, e só os persistentes continuam.  Muitos destes que chamo de persistentes pecam em se restringirem a somente ter velocidade e não desenvolvem um "Feeling", traduzindo "sentimento", podemos expressar sentimento nas pontas de nossos dedos, como também podemos arrancar suspiros das pessoas com solos velozes, solo é uma arte. É normal ao iniciar no instrumento almejarmos êxito nos fraseados velozes, arpejos, sweeps, paletadas alternadas etc, mas não podemos esquecer os bends bem elaborados e precisos, vejo muita gente que toca há bastante tempo, mas não sabe executar corretamente os bends, como também os vibratos. Falando de Feeling não tem como um solo ter sentimento se não houver bends e vibratos bem aplicados, é impossível tocar o coração de alguém com um solo sem estas importantes técnicas. Por isso aconselho sempre aos meus alunos a buscar velocidade sim, mas trabalhar muito a precisão dos bends e vibratos, não só buscar a velocidade como algo prioritário, com treino e tempo a velocidade aparece. 

Cover e Identidade? Onde estas palavras se cruzam?

Todo iniciante se espelha em algum músico, é muito normal e recomendado, pois as referências são como trilhos elas nos guiam para direções que nos possibilita conhecer o desconhecido e consequentemente aprender com isso, portanto ter referências é muito importante, sempre existe um músico ou vários que nos identificamos, e nos impulsiona a aprender solos do mesmo, e muitas vezes virar uma cópia deles, mas aí que mora o perigo, fazer cover é algo muito bacana, é normal e importante para a aprendizagem, mas não podemos deixar de criar a nossa identidade musical, aquela identidade que alguém apenas ouvindo um solo que você criou e mesmo sem te ver, saber que foi você quem o criou, isso é identidade musical, vc ter características próprias, não meramente uma cópia de um artista, é claro, clichês são usados a todo momento e fraseados clássicos também, não estou dizendo que não possa usar, apenas recomendo que crie sua identidade musical, tenha o seu diferencial perante os outros e não seja bitolado, seja aberto para qualquer estilo musical, busque músicas de qualidade e conteúdo. "Pois gosto não se discute, mas bom gosto sim." rs. Você curte rock? Blues? Por que não estudar Jazz também? Ou flamenco? Os seus horizontes vão ampliar e nos estilos que você mais curte terá muito mais conhecimento para aplicar em seus solos e com muita identidade. É nesta hora que as palavras cover e identidade se cruzam, é aquele momento de sua vida que você tem que decidir se vai ser mais um papagaio reproduzindo o que ouve, ou vai criar os seus próprios solos? Pense nisso...


Maturidade Musical

Maturidade musical é aquele nível que se alcança onde você consegue apreciar a música como o todo, não somente um instrumentos especifico, vou dar um exemplo, eu quando comecei a tocar só ouvia as guitarras da música, as bases e os solos, meu ouvidos estavam programados e alienados somente para isso, e isso ocorre com todos no início, muitos nunca deixam de ser assim, rs, com o tempo ampliei os meus horizontes e comecei a querer aprender contrabaixo e  comecei a ouví-lo também, consequentemente não poderia desprezar a bateria, pois andam juntos, os dois formam a famosa "cozinha" da banda, e assim fui estendendo o meu ouvido a todos instrumentos que estivessem sendo executados em uma música. Este é o momento que a maturidade musical está batendo a sua porta, tirando a venda de seus olhos e abrindo os seus ouvidos, te dando a oportunidade de ser mais musical e adquirir mais conhecimento, nesta fase é comum você não se importar tanto com solos virtuosos e velozes, e sim com o que eles te passam, você não ouvirá somente um conjunto de notas jogadas ao vento, você terá capacidade de julgar se a harmonia foi bem construída, se o solo foi bem executado, mesmo que com poucas e lentas notas, o que importará para você é a musicalidade que acrescentará aos seus ouvidos. Você saberá selecionar melhor os artistas brilhantes daqueles que eram bacanas por modinha. Esta fase geralmente chega com muitos anos de prática, mas existem casos que a maturidade chegou e bateu a porta de muitos jovens, depende muito do meio e as pessoas que você convive. A dica que eu te dou é, ouça o estilo que quiser, desde que seja música boa e de qualidade.


Solo e História

Um solo tem uma finalidade importante na música, ele pode abrilhantar ou estragar por completo uma música. A questão é ter a sensibilidade de encaixar o solo certo para o momento certo e para a música certa, paradoxo não? Sim, é complexo, existem momentos da música que pedem solos com bastante sentimento evoluindo para um conjunto de notas mais rápidas, como também existem músicas que pedem solos mais virtuosos, existem "n" situações, porém o que deve estar em mente é que um solo deve contar uma história, e uma boa história tem começo, meio e fim, trazendo para a realidade solista, o que vale fazer um solo tão rápido que do mesmo jeito que começou, acabou, não transmitiu nada para ninguém além de uma confusão mental. Como também em uma música de Heavy Metal, ela exige um solo com pegada e velocidade e o cara faz um teminha que descaracteriza a música. Tem que ter sensibilidade para entender esta questão, existem várias histórias, aventura, romance, violência, etc, mas todas com começo, meio e fim, um solo bem construído deve seguir  estes preceitos.  

Gravei um vídeo com um solo de uma música de uma cantora gospel chamada Gabriela Rocha, este solo posso dizer que é um solo muito bem construído, com começo, meio e fim, e conta uma bela história. Observe.





Educação Musical

 Sabemos que quando estamos iniciando, queremos mostrar tudo que sabemos, mas calma! O mundo não vai acabar hoje! rs! É muito comum uma apresentação de bandas com iniciantes que os caras na passagem de som, um atrapalha o outro, é uma confusão, todos querem passar o seu instrumento ao mesmo tempo, mostrar suas habilidades no momento errado, atrapalhando muitas vezes o apresentador, isso é ausência de educação musical. Educação musical é saber como se portar nos lugares que você toca, não atrapalhar o companheiro de banda quando o mesmo sola, deixando a sua base com volume mais alto do que o solista, não ser egoísta a ponto de só o seu instrumento ser ouvido, por você deixar o volume bem acima dos demais instrumentos, é ter dinâmica com a banda, dinâmica? O que é dinâmica com a banda gente? Não sabe? Dinâmica é saber oscilar o volume do seu instrumento com a sua própria pegada, saber a hora que tem tocar mais baixinho, e a hora que tem que crescer e tocar mais alto, isso são trabalhos de dinâmica que dá um brilho muito legal nas músicas, o que seriam as apresentações de bandas se não fosse a dinâmica. 

Vou deixar algumas dicas para você se educar musicalmente.

1 - Se você está iniciando com uma banca e também está aprendendo a tocar, sugira um líder para a banda, partindo do preceito de quem tem mais conhecimento musical, sendo assim, combinem entre si regras para passagem de som. Exemplo: Ao chegar para montar os instrumentos, podem montar todos ao mesmo tempo, porém só regule o timbre, volume, afinação, enfim ajustes para pode passar  o som, depois de todos estarem prontos, cada um passe o seu som separadamente, respeitando o espaço do outro, não tocando junto, após todos estarem confortáveis com os seus ajustes, passe o som da banda com todos integrantes, tocando uma música a "vera", como se fosse na hora do show, isso vai facilitar a mixagem do sonoplasta e consequentemente um som equilibrado e de qualidade.


2- Se você frequenta igrejas, a educação musical deve ser redobradas, pois lá estarão pessoas que muitas vezes não tem costume de ouvir bandas ao vivo, por isso a tendência é elas acharem o som alto, por isso, tome cuidado com o volume, não fique tocando em momentos impróprios, se o momento exige uma música de fundo, execute músicas calmas, que serão encaixas como fundo e ajudarão a trazer um clima de paz.

3- Se você chegou cedo a uma apresentação, montou o seu instrumento, está pronto e quer tirar um sonzinho, cuidado com o volume, deixe baixo e bom divertimento. Lembre-se o seu gosto pode ser diferente dos outros, você pode adorar Malmsteen e outros odiarem, por isso o bom censo faz parte da educação musical.

4- Não fique solando a música toda, isso é chato demais, por mais que você tenha a habilidade de Joe Satriani, a música é construída por vários elementos e vários momentos, solar a música toda só quer dizer uma coisa, "que você não pode tocar em bandas com vocal e sim deve iniciar uma carreira solo", hehe, por isso exageros podem destruir completamente a estrutura harmônica de uma música, pense sempre, o menos é mais. 


Então pessoal, espero que tenham gostado da postagem, fiquem com Deus!